29 dezembro, 2009

A fronteira sem portões --- 15

15. Os três açoites de Dongshan

Dongshan foi se entrevistar com Yunmen, que lhe perguntou, “De que lugar você vem?”.
Shan disse, “Chadu”.
Men perguntou, “Em que lugar esteve no verão?”.
Shan disse, “No monastério de Baoci, na província de Hunan”.
Men disse, “Quando você saiu de lá?”.
Shan disse, “No dia 25 do oitavo mês”.
Men disse, “Eu lhe poupo de três açoites com o bastão”.
No dia seguinte Dongshan voltou a subir e perguntou, “Ontem recebi do venerável o perdão de três açoites com o bastão. Não entendo, por que lugar deveria passar?”.
Men disse, “Seu saco de arroz cozido, o que o faz vaguear pelas províncias de Jiangxi e de Hunan?”. Nisto Shan teve uma grande percepção.

Wumen diz:

Naquele momento, Yunmen deu o genuíno alimento que cabia a Dongshan, o fez distinguir a existência do caminho único da vida, não o deixou sozinho na casa de Men. Por toda a noite Shan esteve no oceano da disputa do certo e errado. Não chegou a lugar algum, até a alvorada. Novamente ele perdeu sua concentração. Dongshan então foi direto e teve a percepção, sua natureza não era tão árida. Agora eu pergunto a todos, Dongshan merecia os três açoites com o porrete ou não? Se disser que merecia, então toda a selva de grama e árvores também merece o açoite com o porrete. Se disser que não merecia, sucede que Yunmen estava mentindo. Se clarear dentro de si, se juntará a Dongshan em uma respiração.

A canção diz:

A leoa ensinava ao filhote truques fascinantes,
Tentando pular para frente hesitou e tropeçou;
Sem parar ali, falou novamente e conseguiu.
A primeira flechada foi suave, mas a seguinte foi profunda.

17 dezembro, 2009

O último Jecatron Soundsystem

flyer-pro-blog

O Jecatron Soundsystem encerra suas atividades permanentemente. Agradecemos a todos pelos excelentes anos e noites incomparáveis.

A última e bombástica festa de adeus jecatrônica vem que vem pra destruir tudo e pôr um fim à lenda com chave de ouro, incluindo uma apresentação especial da banda de white dub noise Negative Mantras. Fogo na pista. Lembrem-se (parafraseando Neil Young): é melhor exaurir-se queimando em uma explosão do que lentamente desaparecer no esquecimento. Se joga!

Local: Jardim Cultural
Av. Domingues Ribas, 345. Chácara do Visconde. Taubaté - SP
(próximo ao Supermercado Vilela)
Entrada: FREE > leve sua bebida.

16 dezembro, 2009

Zion High!

Summerstage Reggae Festival

No próximo sábado acontece em Pindamonhangaba o último evento, organizado pela banda A Tropa, do ano. A banda que já trouxe nomes como B Negão em outras edições, convida agora para o Vale do Paraíba o Deejay jamaicano Ranking Joe, em nova turnê ao lado do Digitaldubs Soundsystem representando. Dentre as atrações aqui da terrinha, quem aparece pra animar a pista é o Jecatron Soundsystem e o George Soundsystem num ambiente propício para a brisa numa tenda ao lado do rio. O local é sensacional, no Eco Bar. Fica em Pindamonhangaba, na estrada que vai para a fazenda Hare Krishna. A estrutura é muito bacana, as atrações tão muito foda. Perfeito para reunir os fellas uma ultima vez antes do reveion.


Ranking Joe & Digitaldubs SS / A Tropa / Jecatron Soundsystem / George Soundsystem / Riddim / Dj Gabriel Teixeira

19/12/09 - 23h – Eco Bar

Maiores informações no site da tropa

10 dezembro, 2009

cry me a river [joe cocker and the mad dogs]



Rara apresentação de "cry me a river" por Joe Cocker & Mad Dogs com Englishmen.

Domingo agora

Enquanto isso, numa pacata cidade pós-caipira industrializada de terceiro mundo detentora de prisioneiros de segurança máxima, altos índices de consumo de drogas, violência bruta e carros per capita em ruas estreitas, adolescentes com poucas referências culturais e muita vontade tentam agitar a cena como podem...






hell day

trashcore + verdurada + skate + zines + molecada















(o jécablog não se responsabiliza por eventuais níveis de ruído prejudiciais à saúde)

Dancefloor Grooves



Jecatron Soundsystem + Funkessencia

Acontece nessa sexta-feira, dia 11 de dezembro, provavelmente a última apresentação do Jecatron Soundsystem em São Paulo.

Mais uma vez a convite dos talentosos groove-mans do sensacional Funkessencia.

O pico é beem firmeza. A banda é sensacional. E o swing é contagiante, hehehe.

R$ 10 com nome na lista.
www.funkessencia.com.br
www.idch.art.br
11-2538.0554

06 dezembro, 2009

Poesia Excluída

Quando eu era bem pequeno,
Do poema bom diziam:
“Tem que ter um tom moreno!”
- Pois o negro não queriam.

“A palavra é sempre amena.
Pra fazer soar poesia,
Tem que ter beleza plena.”
- Nela, o torto não se ouvia.

E falavam muito mais:
“Não se deve usar palavra
Como Judas, Caifaz;
E bebum não faz boa lavra.

E na trova não se fala
Desse espinho qu’inda crava
Em nossa pele que se cala
Pois, se não, a trova trava.”

Mas então não há saída?
- lhes pergunto agora -
Há poesia excluída?
Rima torta não tem hora?

Como palavras proibidas,
Nós faremos, sem demora,
Muitas trovas escondidas.
Alguém quer ficar de fora?

29 novembro, 2009

O disco: forma de arte contemporânea ou peça de marketing da indústria cultural?

No século XX o desenvolvimento tecnológico possibilitou a gravação dos sons, o que mudou radicalmente a maneira como as pessoas ouvem música. Até então, a música só era ouvida quando tocada ao vivo. Desenvolveram-se os meios de transmissão de som, telefonia, rádio, o disco começou a ser comercializado e logo as gravações se popularizaram. Houve compositores de música séria, por assim dizer, que a experimentaram com as possibilidades inovadoras de manipulação dos sons trazidas com as gravações. Na música pop, surgiram álbuns conceituais. Há algo de artístico na ordenação das canções contidas em um disco, no seu conjunto como um todo, como na compilação de poemas em um livro. Mas o disco pode ser encarado também como simplesmente um instrumento de divulgação de um músico ou banda. Afinal, somente quando executada ao vivo a música é realmente viva. A gravação, por mais bem feita e mixada que seja, é um registro que acaba abafando a execução. É música enlatada, emprestando a declaração de Cage. Mas a discussão não se limita aí. Pode-se estender a comparação às artes visuais, por exemplo. Uma fotografia e uma pintura obviamente não são a paisagem em si, mas um registro ou representação dela, e nem por isso deixam de muitas vezes serem consideradas arte. De qualquer jeito, já vivemos a tal ponto em um mundo de simulacro que a própria relevância de uma consideração desse tipo é discutível.

28 novembro, 2009

eu não sou autoridade para a morte

w_pinesapam-jeca
Esse é o personagem da minha próxima publicação, que tem me dado algumas insônias delirantes nos últimos dias... Tem mais em Território Marginal.

25 novembro, 2009

Verborragia marginal: Crack e filosofia cristã na periferia do mundo industrializado

Guido Campos, 26 anos, taubateano, viveu a adolescência em um bairro pobre, São Gonçalo. Ali teve seus primeiros contatos com o rap. Imergiu ativamente na cultura hip hop de 1995 a 2005, tendo fundado grupos como Ponto 50 e Na Mira do Rap. Realizou trabalhos sociais na comunidade por seis anos, conheceu as drogas e, depois de passar por experiências devastadoras com o crack, decidiu lutar pela consciência do menos favorecido. Hoje busca se firmar como escritor de literatura marginal, vem participando de saraus, festivais de literatura e expondo seus trabalhos em eventos culturais locais. Alguns de seus escritos podem ser lidos em seu blog pessoal <http://www.guidocampos.blogspot.com> e no site <http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=13890>.

Livros escritos:

4+1 drogas e poesias
A cidade de Livertow
Lendas urbanas

Jecablog: Defina arte.
Guido Campos: Eu defino arte como expressão da alma, algo que emerge do ser humano chegando a ser transcendental, acredito que seja a fala entre a alma e o corpo.
Jb: Você acredita em uma separação da alma e do corpo?
GC: Não, por mais que na primeira pergunta a resposta mostre um dualismo, não acredito, acredito que somos um todo. Até podemos melhorar a primeira colocando que a arte seria a fala entre a alma interna com a alma externa.
Jb: Um diálogo.
GC: Sim, podemos dizer que sim.
Jb: Mas então o que você chama de alma interna e externa?
GC: Duas pessoas. O eu interior interagindo com o seu EU, que para mim é exterior.
Jb: Você está dizendo que a arte só existe na relação com o espectador?
GC: De forma alguma. A arte surge no indivíduo, mas ele sente necessidade de expor, de transmitir isso, talvez por uma força maior que ele mesmo nem saiba explicar, ela por si só emerge. A arte não é estática.
Jb: E o que você está chamando de alma interior e alma exterior, e o diálogo entre elas, então?
GC: acredito que o que chamo de alma interior é quando quero falar da pessoa como um todo, e muitas vezes a arte se torna esta ponte, sabe, entre um e outro.
Jb: Um meio de comunicação?
GC: Sim, claro. Uma ferramenta a mais que o ser tem para se comunicar.
Jb: Então para você arte é somente um meio de comunicação?
GC: Não somente, isso seria esterilizar a arte. A arte é também expressão do ser, não só uma comunicação entre os seres, mas também é uma comunicação entre o ser e o mundo e principalmente com ele mesmo. Fala-se através da pintura, da dança, fala-se através da música, eu falo muitas vezes através da poesia, dos meus pensamentos escritos. Eu falo através de um conto.
Jb: Então também é uma ferramenta de autoconhecimento.
GC: Podemos dizer que a arte é uma ramificação da vida. [pensa] É a vida sendo contada de diversas formas. Por ser ramificação da vida, dentro dela temos a essência do TODO, algo divino e que se expressa num ser, porque ela só é vista através do artista ou de um olho artístico.
Jb: Então você relaciona a percepção artística a algo divino?
GC: Sim, claro, acredito que vem de um ser maior esta força ou forma de comunicação. A inspiração é algo espiritual, ao meu ver.
Jb: Qual a diferença entre escrever rap e escrever "literatura"?
GC: É muito diferente. Quando escrevo rap, já tenho um público-alvo [definido]. Por mais que música seja universal, dentro deste universo temos estilos e denominações, as letras são focadas para esse público, têm um cunho social pesado. Agora quando faço literatura e julgo meu trabalho como trabalho literário, acredito eu que a cobrança é maior. Estou escrevendo para pessoas que gostam de ler, que vão interagir com aquilo, vão conversar com o autor, irão questionar. Acredito que é diferente a forma que o autor se comporta com seu trabalho para dois públicos distintos.
Jb: Por que no caso do rap as pessoas não iriam interagir, conversar com, ou questionar o autor?
GC: Acredito que no rap o público massa não se preoculpa tanto em procurar saber o por que quelas palavras estão sendo escritas ou cantadas, não digo todos, existe um público pequeno do rap que faz isso, mas a maioria está ali para dançar no ritmo da batida e se dizer parte daquele clã.
Jb: Certo. Aí a gente volta à relação da arte com o espectador, ao seu aspecto comunicativo.
GC: Acredito que o artista fala e fala muito, o problema está no ouvinte. No rap são poucos os que valorizam o que o artista está dizendo. Se existe esta relação entre arte e espectador, acredito que esteja bem pobre tudo isso.
Jb: Se arte é comunicação, essa relação é pré-requisito.
GC: Não necessariamente. Posso me comunicar sem ser escutado, o outro não me anula.
Jb: Há uma pergunta antiga que diz: Se uma árvore cai no meio da floresta, e ninguém está lá para ouvir, ela fez mesmo barulho?
GC: Legal essa pergunta. Sim, acredito que ela fez. O fato de não ter ninguem para ouvir a queda dela não anula o ato.
Jb: Mas então você acha que é necessária uma percepção, uma consciência "artística", por assim dizer, da parte tanto do artista quanto do espectador?
GC: Tem um poeta taubateano, Claudio Pena, que diz a arte é algo inútil.
Jb: Acho que ele é gaúcho.
GC: Risos
Jb: Você mencionou que muitos no rap estão lá na cena para sentirem-se parte de um clã.
Isso me remete à função tribal dos primórdios da arte.
GC: Sim.
Jb: Nas cavernas.
GC: Hum.
Jb: Nos rituais. O que teria relação com o tal caráter divino mencionado.
GC: Como assim, Saulo? [pensa] Talvez a música seria a relação. A dança.
Jb: Sim. Mas também os desenhos, que são os ancestrais da escrita.
GC: Claro.
Jb: Os símbolos. E também as histórias contadas oralmente.
GC: Sim, a tradição do diálogo nasce através dos contos contados.
Jb: Pois é.
GC: Da história do povo.
Jb: Outra função que se associa à arte primitiva é incitar os espíritos à guerra e à caça.
GC: Sim, claro, acho por isso que ela é uma ramificação da vida, pois em tudo a encontramos.
Jb: O que você pensa do crack como fonte de inspiração?
GC: Acho que não tem nada a ver com fonte de inspiração, acho que o crack é a fonte da perdição. Risos
Jb: E a arte da perdição?
GC: Temos este poder, do trágico extrair arte.
Jb: Nesse sentido arte não é apenas algo divino.
GC: Meio William Blake, né? Ela habita os dois universos.
Jb: Ele procura reconciliar corpo e alma.
GC: Inferno com o céu.
Jb: O que você acha que leva as pessoas a fazerem uso de sedativos e substâncias que alteram a percepção da realidade?
GC: Hoje vejo que está ligado a uma fuga dos sentimentos, sabe? Uma falta de habilidade para lidar com alguns sentimentos, frustrações, aceitação, essas coisas. Fora isso temos a questão social, e essa aborda outros tópicos, cultura, pobreza, essas coisas. Acho que cada caso é um caso e precisa se ver o porquê, sabe?
Jb: Mas também é possível generalizar.
GC: Não sei, não. Generalizar sempre é perigoso.
Jb: Você conhece o livro Admirável mundo novo?
GC: Não.
Jb: Em Admirável mundo novo, Aldous Huxley descreve um mundo no qual a sociedade é toda controlada e estratificada, os nascimentos das crianças são todos feitos em laboratório, e as pessoas vivem em um ambiente como de fábricas, submetidas a uma ordem imposta, inclusive com referências nominais a Ford. Tudo é organizado em função da produção, estilo linha de montagem. Para manter as pessoas sob controle, o governo fornece soma, uma droga para as pessoas.
GC: Retrata bem o mundo atual. Na verdade é vantajoso para a elite dominadora ter pessoas dopadas e anestesiadas de tudo, que se tornam escravos deles de uma forma ou de outra. Por mais que a droga tenha o poder de anular a pessoa como produtiva na sociedade, ela também tem o poder de calar o talento que esta pessoa pode ter.
Jb: Na Antiguidade, os romanos ofereciam o pão e o circo. Hoje em dia, a televisão e a mídia mantém um suprimento constante de estímulos sensoriais para a população, igrejas evangélicas pipocam em grande número oferecendo a salvação, e o comércio de drogas (tanto do narcotráfico quanto da indústria farmacêutica, de bebidas e tabagista) abastece grandes massas mundialmente.
GC: Sim, poder paralelo.
Jb: Paralelo ao governo oficial, você diz?
GC: Sim.
Jb: Na Idade Média a Igreja detinha o monopólio da verdade e da fé na Europa e mantinha a população sob controle utilizando-se de símbolos sagrados e rituais.
GC: Onde você quer chegar?
Jb: Você acha que a civilização, conforme foi sendo criada pelo homem, o fez afastar-se da natureza e de si mesmo, criando uma necessidade de recorrer a anestésicos a fim de aliviar o contato com a realidade, para que o homem se mantenha afastado de si mesmo, de seu potencial mais sublime, e da natureza?
GC: Acredito que na verdade antes tinham a ideia de se dopar para transcender, era uma forma de transcender, mas depois a indústria, o homem moderno, viu que também dava para ganhar dinheiro com isso, acho que a evolução trouxe isso, o homem é curioso, e tem um ditado que diz a curiosidade matou o gato.
Jb: Você acha que a civilização é fruto da curiosidade?
GC: Acho que a civilização é fruto da evolução, e esta surgiu através de um olhar curioso.
Jb: Desenvolva isso.
GC: Acho que o homem quando morava em árvores teve curiosidade de descer delas e ver o que o sustentava, e desceu, ganhou outra forma de visão. Isso lhe deu capacidade de raciocínio, uma vez que seu cérebro se posicionou de outra forma e daí foi...
Jb: Muito interessante, talvez metaforicamente...
GC: Então agora a pergunta é: será que descemos realmente das árvores?
Jb: Essa hipótese do homem morar nas árvores não implica em que ele nunca pisasse no chão.
GC: Falo no sentido da arrogância do homem, sabe? Eu apenas fiz uma metáfora.
Jb: É, mas depois que o homem desceu da árvore dizem que foi para as cavernas, e também andava em bandos, em tribos...
GC: A sociedade nasce assim.
Jb: E colhia os alimentos na floresta, o que a natureza oferecia para ele.
GC: Depois veio o estoque.
Jb: Exato.
GC: E depois a troca...
Jb: Mas antes do estoque, houve uma tentativa de controlar o ambiente para que produzisse o alimento.
GC: Hum.
Jb: A necessidade de controle externo origina-se da negação do presente eterno, do medo, da ansiedade, e da ânsia por conforto e facilidades. Que acha disso?
GC: Acredito que está certo, o controle traz para o homem um sentimento de divindade, e isto o homem busca desde os primórdios, busca entender o universo, a criação de Deus. É a busca pelo entendimento de DEUS, saca?
Jb: O controle seria talvez o fruto da árvore do conhecimento. Cuja ingestão levou metaforicamente à queda.
GC: Sim, claro, existe essa briga.
Jb: Que briga?
GC: Pela busca do poder. Tem o lado do conhecimento. Existe aquela frase, acho que nasceu no positivismo, "conhecimento é poder".
Jb: Poder e controle sobre o ambiente externo. Essa é do Francis Bacon.
GC: Hum. Onde chegamos até aqui?
Jb: Coloco essa associação da metáfora da ingestão do fruto da árvore do conhecimento com o controle sobre o ambiente externo pois ambos representam a negação do que simplesmente é oferecido ao homem. Antes, no Paraíso, o homem não tinha que trabalhar, comia o que a natureza oferecia. Depois, com a agricultura, é necessário trabalhar pelo sustento.
GC: Sim...
Jb: Você acha que os chamados anestésicos visam, de maneira geral, suprimir os medos e os impulsos primordiais do homem?
GC: Acho que o objetivo é anular o homem como um todo.
Jb: E mantê-lo afastado de si e imerso na loucura.
GC: Sim, claro. O homem que não se introduz, não se questiona, está morto espiritualmente.
Jb: Como assim não se introduz?
GC: Não faz uma reflexão sobre si mesmo.
Jb: Então toda a construção social em que vivemos é essencialmente fundamentada na loucura?
GC: Não sei dizer se é, o que sei dizer é que hoje viver é uma loucura.
Jb: De que forma seus estudos teológicos se relacionam com a sua produção escrita?
GC: Quando vou escrever algo que esteja relacionado a espiritualidade, hoje tenho maturidade para distinguir bem o que é céu e o que é inferno.
Jb: Quer dizer que você experimentou o fruto da árvore do conhecimento?
GC: Acho que fazer literatura marginal tem tudo a haver com teologia, sabe? Teologia pode estar classificada como ciência, mas antes de mais nada é algo que nasce do povo, da ânsia de entender o DIVINO, e muitas vezes isso é marginalizado numa passeata num dia santo, sabe? E por aí vai, falar do cotidiano e do humano me fascina, por isso tenho em mãos um arsenal pesado, que exige responsabilidade. Porque quem faz a história não é Jesus, e sim o povo que fala dele, então eu tenho a missão de contar sobre os que fazem a história, o POVO.

24 novembro, 2009

A fronteira sem portões --- 14

14. Nanquan decapita o gato

O venerável Nanquan, como viu as salas leste e oeste discutindo por causa de um gato, pegou-o e disse, “Se a grande assembleia for capaz de falar rapidamente, o gato pode ser salvo, mas se não for capaz de falar rapidamente, então ele será eliminado por decapitação”. Ninguém da assembleia respondeu, então Quan executou a decapitação. À noite Zhaozhou voltou, vindo de fora do templo. Quan contou-lhe sobre o incidente. Zhou tirou suas sandálias, tranquilamente colocou-as sobre a cabeça e saiu. Quan disse, “Se você tivesse estado lá teria salvado o gato”.

Wumen diz:

Apenas diga, qual é o significado de Zhaozhou colocar suas sandálias em cima da cabeça? Se para dentro puder dizer uma palavra de mudança, então verá que o decreto de Nanquan não foi um ato vão, e nesse caso talvez ele não seja perigoso.

A canção diz:

Se Zhaouzhou estivesse lá,
Teria virado o decreto ao contrário,
Tomando e removendo a lâmina,
Deixaria Nanquan implorando por sua vida.
INENARRÁVEL foi o lançamento do álbum de quadrinhos 7Dayz, no final da tarde daquela quarta-feira, 18 de novembro, no curso de arquitetura e urbanismo da UFC. Por isso mesmo, nada melhor que imagens que falam por si, veja você mesmo! Acompanhe também o podcast da entrevista realizada pelo site www.armagem.com
Para adquirir o seu acesse: http://quadrinhos7dayz.blogspot.com/

20 novembro, 2009

12 novembro, 2009

Jecaradio - uma antena parabólica enfiada na roça


MusicPlaylist
Music Playlist at MixPod.com



Cada som aí tem um porque...hehehe
-esse primeiro mash up é pq é bacana, mistura tres sons foda
-essa do LCD é pq é foda!hahahaha...
-beatles pq é beatles,rs...mas eu canto esse som muito pra mim as vezes
-gimme danger foi pelo show q rolou sábado...no show de 2006 ele não tocou nenhuma do raw power. esse show foi bem mais foda!
-shoot speed o primal tocou sábado tbm e foi muito animal
-essa do sonic no show de sábado...uma das melhores...chovendo...a kim doidona dançando...lembrava a nico!!?
-stop! do janes addiction...foi no mesmo dia do planeta terra...tive de escolher...espero q volte um dia
-e essa é top five do ac/dc na minha opnião. seria muito massa se eles tocassem ao vivo. isso. ao vivo. finalmente verei ac/dc..antes q eles morram.

espero q gostem.

Feijoada Polifônica

04 novembro, 2009

O jéca e o tinhoso

Vinha o jéca voltando de um fim de tarde infrutífero de mãos abanando sem ter pego nem lambari naquele córrego. E fazia sol. O jéca é ecologicamente sustentável mas não tem dó dos bichinhos — aliás nem pensa neles, nem pensa mesmo, vai pensar em bicho, peixe e frango é comida, cachorro não, e pronto. Afinal, peixe é fruta que nada. Enfim, alheio à própria cultura na qual vive imerso, vinha o jéca voltando daquela pescaria mal-sucedida. E trilhando a picada de chão sob o sol do fim de tarde ainda matutava o que ia dizer pra patroa por que voltava de mãos abanando. E uma nesga de medo, chamado eufemisticamente de receio muitas vezes, preocupava o jéca. E vinha matutando mentiras na lata de jéca pescador de córrego. A mentirinha era fácil de enganar a mulher, o pior mesmo era o que ele ia comer. A feira na cidade ainda estava longe lá no sábado, então já viu. Nessas cismas vinha andando, entre pedras e árvores caminhando pelo chão de terra, na trilha que percorria no fim de tarde debaixo do sol.

Eis que aconteceu o evento temático deste pequeno conto narrativo. Após virar uma curva com uma pedra de tamanho razoável, de altura maior que a de um homem médio, à margem da trilha de chão, o jéca deparou-se com um tipo de paletó preto e calças pretas e chapéu preto parado na trilha. O jéca olhou para o rosto do tipo, evidententemente o tinhoso evidenciado no título do conto, que sorria mostrando os dentes, e soltou um cumprimento bastarde típico da roça. Sentia uma estranheza naquele momento e mais uma ponta de medo — o jéca além de acomodado no canto era covarde — e fez que ia passar pelo tipo. Mas o cabrunco respondeu ao cumprimento e com sua postura firme impôs sua presença e perguntou o que o jéca vinha cismando. Uma conversa mole seguiu-se, e o jéca seguiu andando contente o seu caminho com um peixe grande na sacola e uma heróica história de pescador na cachola. Até aí não se preocupava com seu futuro destino faustiano e saboreou seu jantar sem culpa cristã. Assim a falsa tranquilidade da cachaça e da preguiça do jéca continuavam a envolver sua vida sem que ela de fato medrasse, até sua morte. E o progresso continuava avançando e engolindo essas paragens, e o jéca já sonhava com um emprego assalariado na indústria automobilística, porque o imposto da roça já estava alto e as vendas na feira não davam mais pra nada. E assim o jéca ia pro inferno.

27 outubro, 2009

Ching-Yun Hu toca Étude No. 10, "Der Zauberlehrling", de Ligeti



Der Zauberlehrling traduz-se como "Aprendiz de feiticeiro".
A peça é parte de uma série de oito estudos para piano composta entre 1988 e 1993.
György Ligeti (1923-2006) foi um compositor húngaro.
Ching-Yun Hu é pianista taiwanesa.

A fronteira sem portões --- 13

Deshan leva sua tigela

Um dia Deshan foi à sala de baixo levando sua tigela. Xuefeng o viu e perguntou, “Camarada, o sino não tocou, o peixe não soou, aonde vai com sua tigela?”. Shan voltou-se e seguiu aos dormitórios.
Feng mencionou isso a Yantou, que comentou, “Deshan é renomado, mas ainda não encontrou a sentença última”. Shan ouviu falar disso e pediu para seu assistente chamar Yantou, e então perguntou, “Então você não concorda com o velho monge?”. Yantou sussurrou o que queria dizer e Shan não falou nada, mas no dia seguinte subiu ao seu assento e o fruto que partilhou foi bem diferente do usual. Yantou foi até a frente do salão dos monges, batendo palmas e rindo, e disse, “Que ocasião feliz, o velho camarada encontrou a sentença última! De agora em diante, nenhuma pessoa sob o céu pode superá-lo”.

Wumen diz:

Quanto à sentença última, nem Deshan nem Yantou sequer sonharam com ela. Examinando bem, posteriormente, percebe-se que são como bonecos em uma estante!

A canção diz:

Se conhecer a primeira sentença,
Então encontra a sentença última;
A primeira e a última,
Não são uma mesma sentença?

19 outubro, 2009

Re: Mais cult do que roots [5]

Maurício,

em momento algum eu quis ser maldoso ou ofender pessoalmente você ou teus colegas de trabalho comerciantes ou donos de sebo. Na verdade nem me ocorreu incluir essa categoria, por assim dizer, no comentário.
Estava falando dos colecionadores, como você consequentemente é, mas como eu também sou (inclusive não tenho nenhum vinil de heavy metal, nem mesmo o primeiro do Black Sabbath) e outros tantos amigos que conheço são. Inclusive não me excluo dessa "elite" que critiquei. Se você se sentiu ofendido peço desculpas aqui no blog pois, de coração, essa não era nem de longe a intensão. Inclusive pela falta de intimidade que temos, seria ignorância minha te atacar pessoalmente afim de te ofender da forma como sinto que voc6e ficou ofendido.

Conversando com um MC de HipHop daqui, fiquei sabendo que ele havia visitado essa fábrica de vinil ai na baixada fluminense, que agora me foge o nome, para acertar os detalhes da produção de seu disco. Papo vai, papo vem, alguma cabeça (não sei se o dono) contou pra ele que quem mantinha a fábrica funcionando, até aquele momento, eram as bandas e selos independentes de heavy metal nacional que nunca cessaram a produção. E isso pouca gente observa.

O que coloquei foi uma perspectiva a mais (se está certa ou errada, quem ler julgará), e não uma análise política ou social.
Mas ainda sim, não discordo de nada que escrevi sobre o fato de que coleção de vinil é sim uma atividade elitista, e que essa elite, que inclusive faço parte, mesmo que em níveis mais sutis em alguns e mais exagerados em outros é: demagoga no discurso, egoista, e hipócrita em não reconhecer isso. Posso estar exagerando na generalização do comentário, mas pelo que observo acredito sim que que isso seja fato.
Isso não é um ataque, mas sim uma opinião e possivelmente uma auto-critica.

Paz meu velho...
e não se cale não.

Juninho

Re: Mais cult do que roots [4]

Saulo,

O que mais me encuca e me intriga dentre as análises socioeconômicas que seu post gerou no Jecabit é a afirmação do Juninho de que os colecionadores, fabricantes e vendedores de vinil são parte da elite e, como tal, são egoístas, mesquinhos e demagógicos. [...] "demagógico" é em geral o atributo de um discurso ou de uma ação (como uma lei), não de pessoas. "Egoísta" e "mesquinho" já são palavras por demais subjetivas e emotivas. Fica difícil saber de que características mais exatamente das elites ele está falando. O que salta aos olhos é o tom ressentido do comentário. Pra mim, particularmente, egoísmo e mesquinhez são atributos essenciais, daquilo que os religiosos chamariam de alma ou espírito individual, e pra mim indicam falta de caráter. O que já leva o debate pra outra seara, muito distante da política ou da economia. Num sistema perverso e malvado, existem classes que são agentes da opressão, ou dela se beneficiam, ou colaboram para a legitimação ideológica do sistema. Mas acusar uma classe social de ser perversa ou malvada é manobra apelativa típica da liderança sindical mais vulgar, diante da platéia mais ignorante possível. A partir dum certo ponto estamos falando de pessoas, não de abstrações. Diferentemente de "pessoas que ganham entre 5 e 20 salários-mínimos" os colecionadores de vinil, por exemplo, constituem um perfil bem mais tangível, são pessoas bem próximas de vocês.

O tipo de discurso do Juninho sempre leva a isso: um sujeito é encaixotado dentro de uma generalização ofensiva, fica puto, e a troca de ideias morre. Por que eu, que sou dono de um sebo, gastaria meu tempo pra debater com um cara que me trata, e aos meus colegas de profissão, de maneira tão desrespeitosa? Porque conheço o Saulo desde que tenho 15 anos, e com ele já me diverti à beça no passado, só por isso. Esse tipo discurso raivoso fica até muito bonito em artistas jovens, cuja genialidade se expressa com a iconoclastia típica de quem está para criar os paradigmas de amanhã. É o caso do Juninho? Espero que sim.

No sebo que administro, estava outro dia discutindo o sistema de cotas com um historiador especializado na Índia (onde nasceu o sistema, quando os ingleses tentaram dar concretude ao sistema de castas, que existia de fato mas não como realidade jurídica). Ele disse num momento que existia um sistema de cotas para brancos nos concursos públicos. Minha resposta foi: "não confunda as coisas. Mesmo que você argumente a existência de estruturas ou fenômenos sociais que produzem um efeito igual ao que produziria um sistema de cotas, ISSO NÃO TORNA VERDADEIRA a afirmação de que existe um sistema de cotas para brancos no Brasil. Não existe, essa é a verdade."

(Aliás, quando alguém começa a duvidar da possibilidade de se distinguir entre verdades e mentiras, aí é mesmo que a conversa leva um tiro na nuca. Quando alguém tenta uma estratégia tão escrota como essa pra esconder sua falta de argumentos eu não brigo mais. Me calo, pico a mula.)

Para quem gosta de metáforas e frases de efeitos, para quem quer fazer drama, a poesia é um campo mais indicado do que a discussão política.

Maurício

17 outubro, 2009

Re: Mais cult do que roots [3]

Pois é, Juninho, a cena metal é forte e conta com uma legião de seguidores fiéis no Brasil. A banda brasileira mais bem sucedida no mercado da música pop saiu dessa cena... Essa popularidade é compreensível, dadas as condições de vida do país e a temática do heavy metal. O metal também fala de força, uma força para sobreviver em condições adversas. É daí que essa galera tira sua motivação, sua inspiração. Sad but true.

15 outubro, 2009

Re: Mais cult do que roots [2]

Pois é ... acho que é consenso dizer que o vinil, dentro da nossa bolha, é um caprichoso artigo de luxo. Quase uma commoditie.

Só tenho uma perspectiva a acrescentar.
Sebos e colecionadores, amantes de vinil, do bolachão, com seus clássicos do rock'n'roll e pérolas da música "popular" brasileira são logicamente elite. Tanto cultural como economica. E carregam consequentemente consigo varias caracteristicas que todo tipo de elite possui, como hipocrisia, demagogia, egoismo entre outras.
Amam tanto, discutem tanto, supervalorizam tanto, ao ponto de tomarem pra si (mesmo que implicita ou inconscientemente) o título de defensores do vinil.
Mas o interessante é lembrar que a industria nacional de vinil só não encerrou de vez suas atividades, quando outras mídias surgiram e se popularizaram, graças outros apreciadores/produtores de música (e vinil) com discrepante diferença de poder aquisitivo dessa "elite musical". Embora o hip hop tenha sua parcela nisso, o grande mérito é do heavy metal nacional. Trash e fedido.

E quem lembra disso?

14 outubro, 2009

Re: Mais cult do que roots

Saulo,

Concordo contigo. O vinil é artigo, senão de luxo, pelo menos pra classe média. Na verdade, pagar pela música virou um requinte das classes de média pra cima. No mundo digital, literatura, cinema e música estão ao alcance do software adequado.

Mas é bom lembrarmos que na Europa, principalmente, o vinil custa o mesmo que o CD. Bandas cujos integrantes são apreciadores do formato privilegiam mais o bolachão, e às vezes um produto mais bem acabado (com pôster e outros fru-frus) são mais carinhos, mas não muito mais. LPs de bandas novas ou hypes são artigo de luxo no Brasil pelas dificuldades de importação, ou seja, mais por uma peculiariedade da nossa economia ou do nosso sistema jurídico, do que pela característica do produto mesmo.

Se tudo der certo, com o tempo aparecerão mais LPs de bandas e selos brasileiras, e o preço deve cair.

Um abraço,

Maurício

Mais cult do que roots

Após umas palavras rápidas ontem com o camarada Victor Di Lorenzo, do Jecatron Soundsystem, fiquei pensando em quantos conceitos errados se embasa a cena jéca. De qualquer modo, talvez essa total imprecisão e gambiarra conceitual, esse qualquer coisa tá valendo, seja justamente o que distinga e caracterize a cena.

Quando a tal cultura soundsystem começou nos saudosos, otimistas e grilescos anos 60, não havia outra opção para reprodução sonora além do disco (a fita magnética não era tão popular, era mais utilizada em estúdio). Os caras lá na Jamaica montavam seus sistemas com o que lhes era acessível, e mandavam ver. Conforme a dedicação, investiam mais neles, mas o que importava mesmo eram as festas.

Com o desenvolvimento da tecnologia de acesso popular, surgiu uma outra cultura, a dos audiófilos. Trata-se de uma abordagem bem mais técnica, os caras preocupados com a qualidade sonora, buscando caixas, cabos e agulhas de qualidade superior, que conversam sobre os equipamentos disponíveis no mercado e discos raros conseguidos com muito esforço, e até sobre os detalhes técnicos das gravações. O foco aí são os equipamentos e a qualidade do som, além dos discos e das gravações --- cara, que tu achou do sistema com caixas em crossover que a Sony lançou? Ah, perde um pouco dos médios, precisam equilibrar melhor...

Claro que essas abordagens acabam se misturando, a fala seguinte poderia ter sido proferida tanto por um festeiro que monta um soundsystem quanto por um audiófilo colecionador de discos: --- descolei a edição original do single de Caravan of Love, dos Housemartins! [...] Não tá ligado? Foi a única canção deles que atingiu o número 1 da lista de singles britânicos... e, ironicamente, é um cover, do Isley-Jasper-Isley...

Mas o ponto é que hoje o disco de vinil já não é o meio mais comum para gravações sonoras --- pelo contrário, é restrito aos colecionadores que se dispõem a se aventurar por sebos empoeirados em busca de edições raras e obscuras ou aos aficionados que dispõem do cacife necessário para pagar por prensagens novas. Ou seja, virou artigo de luxo, enquanto o mp3 reina como principal e mais popular meio de difusão das gravações no século XXI.

Então, dizer que é roots usar discos de vinil novos e tocadiscos com tecnologia de ponta denota um foco na forma que não leva em consideração o conteúdo, pois a ideia original dos soundsystems jamaicanos não era baseada em equipamentos acessíveis apenas a uma minoria economicamente privilegiada. Pelo contrário, a ideia era mais voltada para a realização de festas a baixo custo, principalmente em bairros pobres, utilizando os equipamentos que estivessem disponíveis. Por acaso na época o disco de vinil era o meio de gravação vendido no comércio de massa; hoje o meio está restrito.

Portanto, cabe mais aí o termo cult para a utilização do vinil do que o termo roots. É mais importante pensar na raiz da ideia, e não no material que era utilizado, pois o material é mais impermanente (está mais sujeito às mudanças do tempo) do que a ideia. Falta levar mais em consideração o ambiente da cena jéca --- algo entre a periferia suburbana e a roça --- e as condições atuais da cena da produção sonora e da indústria cultural mundial ao aplicar ideias de outro ponto do continuum espaço-tempo.

13 outubro, 2009

Jecatron SS convidados pra festa na Babilônia



Jecatron vai discotecar nessa festa no dia 24 com os Georges, e o novo projeto do Dj kabelo com o Juninho do Jecatron...o Riddim. E puta...meo...quem vai colar tbm são os caras do Jurassic SS...de sampa, que resgatam o ska e outras preciosidades dos anos 60 em vinil. Quem cola tbm é o B Negão SS...o cara não precisa nem falar sobre. Grande atração da noite. Agora não to ligado desse projeto novo dele. Num é seletores de frequencia, num é turbo trio. Vamo ve. Quem cola também é o Dada Yute que ainda não conheço..e claro, a TROPA...a aniversariante da noite. porra vlw o convite troopers.

30 setembro, 2009

Jecatron SS + The Negative Mantras + Dj Cirilo no casarão inédito



Festa num casarão inédito em Jecatown.
Um maluco vai abrir uma loja de tênis nesse casarão e antes da reforma resolveu dar uma festa e chamou a gente. É um desses casarões do centro que todo mundo passa e imagina: nooossa uma festa aqui seria massa! E só vai ter essa! E muito bem acompanhados. Vai rolar show do Negative Mantras e dj Cirilo. E uma galera do graffiti mandando uns desenhos fora da balada.

O esquema é FREE.
Posta aí o nome de quem tiver afim no comment.(se é que alguem ainda acessa esse blog,rs). Rola um bar na festa, preços justos!

It´s gonna be a night to remember.

A fronteira sem portões - 12

12. Yan chama seu mestre

O venerável Ruiyan Yan chamava a si mesmo todos os dias, “Honorável Mestre”, e respondia a si mesmo, “Sim!”.
Então dizia, “Esteja desperto”, e respondia, “Sim, senhor!”.
“A todo momento, em todos os dias, não seja enganado pelos outros!”.
“Sim, senhor! Sim, senhor!”.

Wumen diz:

O velho Ruiyan compra e vende a si mesmo, ele joga com várias máscaras de deuses e demônios. Por que razão? Com uma pergunta, com outra responde. Com uma disse, “Esteja desperto”, com outra, “Não seja enganado pelos outros”. Ao se apegar a qualquer uma delas, há erro. Se, contudo, imitar Ruiyan, então todas essas não são mais que disfarces de raposa.

A canção diz:

O estudante do Caminho não conhece a verdade,
Apegado somente ao conhecimento divino prévio.
À origem de incontáveis kalpas de nascimentos e mortes futuras,
O tolo chama de ser primordial.

21 setembro, 2009

Jecatron SS e Funkessencia atacam em São Paulo



E aí rapaziada,

eis aí mais uma investida jecatrônica na metrópole.
Sempre bem acompanhados!

Dessa vez com a banda de jazz/funk/soul Funkessencia que é boa pacas!
Eles lançaram um EP ai e tão mandando muito bem. ( www.funkessencia.com.br )

O clima é de swing, with a lotta wooja running on, pra requebrar o esqueleto! rs

Então vista roupas confortaveis, dê aquele tapa no look e caia na pista ao som
de beats e grooves envolventes.


Dia 24/09 - quinta
na IDCH - http://www.idch.art.br/NovoSite/index.html
15zinho pra entrar
Rua Clodomiro Amazonas, 660.
Itaim - São Paulo - SP

Hit it!

19 setembro, 2009

La Camioneta Gris





Los Tigres del Norte - La Camioneta Gris

Una camioneta gris con placas de California
la traían bien arreglada Pedro Marquez y su novia
muchos dolares llevaban para cambiarlos por droga.

Traia llantas de carrera con sus rines bien cromados
motor grande y arreglado Pedro se sentia seguro
no hay federal de caminos que me alcance te lo juro.

Su destino era Acapulco asi lo tenian planeado
disfrutar luna de miel y el regreso aprovecharlo
con cien kilos de la fina que en la gris habian clavado.

De regreso en Sinaloa Pedro le dice a la Ines
Voy viendo que alguien nos sigue ya sabes lo que hay ke hacer
saca pues tu metralleta y hazlos desaparecer.

En Sonora los rodearon diez carros de federales
le dice la Ines a Pedro no permitas nos atrapen
vuela por encima de ellos no es la primer vez que lo haces.

Por bocina les gritaban helicopteros alerta
los tenemos bien rodeados es mejor que se detengan
de pronto un tren ke cruzaba acabo con la pareja.



Filme mexicano baseado na canção do grupo Los Tigres del Norte. Pertence ao gênero chamado de narcocorrido, canções populares temáticas do tráfico de drogas.

18 setembro, 2009

banda virtual in Bb 2.0

Esse maluco Darren Solomon postou em seu blog um chamado para que músicos enviassem vídeos com participações na nota Sibemol. Os vídeos funcionam em qualquer tempo juntos, e ai você mixa ajustando os volumes. Muito louco.

check it> http://www.inbflat.net/

15 setembro, 2009

Alan Watts: Zen e maconha

Outro dia desses ao sair de uma sessão de meditação me deparei na banca de jornais com um livro de bolso que tinha Zen no título. Foi escrito por um cara chamado Alan Watts, abri a ficha dele na Wikipedia. Interessante essa relação do movimento gradual do Zen com a velocidade dos meios de pesquisa atuais. Às vezes até sinto que algo restringe o uso de tais meios para evitar uma sobrecarga de informações que prejudicaria o avanço no Zen.

Watts foi um dos pioneiros do Zen no ocidente, tendo escrito e traduzido diversos títulos de e sobre filosofia e religião oriental, de diversas linhas, budistas e taoístas em sua maioria, pelo que vislumbrei. Segundo a Wikipedia, Watts “também experimentou a maconha e concluiu que era uma droga psicoativa interessante e útil que dava a impressão do tempo ficar mais devagar”. Mas ele comentou sobre o uso de drogas psicodélicas: “Quando você entender a mensagem, desligue o telefone”.

http://en.wikipedia.org/wiki/Alan_Watts

12 setembro, 2009

Colando os tais caquinhos do velho mundo

e aí velho... firmeza?
tranquilo brou
e tu?
em paz
qual o paradeiro?
mesa de ofício
hahahahahaha
foda... voltei à labuta hoje
cheguei anteontem do ultimo rolê
qual?
missão comprida
buenos aires
longa missão
um mês
tu foi colar os caquinhos do velho mundo
comprida e cumprida
e aportou no novo pela argentina?
velho... você TEM q ir a berlim
tudo a seu tempo
sim...
mas não esquece isso
que tu curtiu mais lá?
cara... as pessoas
o ambiente lá
claro... mas qual é o clima das pessoas... descreve aí
meio que assim ... a sensação que dá é que gente nova tá fazendo a cidade...
tem muita ocupação... muita coisa independente de verdade... muito espaço pra tudo... muita gente criativa...
e nada disso é elitista
é um lance independente de verdade, meu... sem essa de patrô e tal
galera ocupa um pico... uma área... e cria um espaço livre ali
tem muito disso
varios prédios fodidos ocupados...
terrenos na beira do rio
casa
tudo...
e a galera cria ambientes livres ali... regras próprias... atividades abertas...
e tudo o mais pacífico possível...
a cidade é toda velha e fodida... mas é massa pq é cheia de vida, meu... cada um pode ser o que quiser lá
tá certo que eles são puta bairristas... tem lugar que só alemão tem boi...
mas até certo ponto tá certo... dá pra entender...
eles tem um lance com turista
mas porra... la é demais meu
a lei deve ser mais tolerante lá
você entra nuns prédios fodidos que não dá nada da rua... cheios de lixo... e lá dentro acha livraria... cinema... bar... ateliês...
tudo de maluco que ocupou e tá ali...
tinha uma sala escura num andar x de um prédio todo fodido lá que era só chegar no horário certo, sentar e ver os filmes que eles exibiam
a organização daquela galera é bem massa... simples e eficiente...
sem patifaria... blablabla... nada
em relação a esses lances de moradia e tal... propriedade ociosa
sim...
isso eu vi na europa inteira...
mas em belrim isso é mais intenso
a galera não ocupa só pra morar
sei qual é
a galera cria uns espaços muito fodas
território livre mesmo
tem lugar que é meio pra inglês ver... dá pra sentir que eles querem é vender a ideia e arrancar um de quem vai...
mas um monte ali é sincero mesmo
tem uns picos no meio da cidade... na beira do rio... que você entra e tem bar... pista de skate... quadra de basquete... espaço pra dormir... comer... fazer o que quiser sem precisar dar satisfação nenhuma nem nada
e la é barato meu
4 euros rola comer um falafel mosntruoso com chá gelado e um chocolate se marcar hahahaa
china...
bem loco mesmo
mas fui em copenhagen... e lá rola cristiania. já ouviu falar?
o nome não, mas ouvi dizer que tem uma parada lá
por que tu disse china...?
é isso...
rango china muito barato
hum... mas a galera paga imposto e tal normal
em berlim?
não sei como funciona
fala mais dessa cristiania
meu... fica no meio de copenhagen
do lado do centro
aí rola um beco com uma placa com o símbolo deles... que é 3 pontos amarelos num círculo vermelho
e a parada em si?
então... o pico na real era uma comuna anarquista dos anos 60 que virou... até hoje estado não se mete lá
mora tipo umas 800 pessoas lá
e o pico é do tamanho de um parque... tem lago... bastante área verde...
mas quando você entra pelo beco você sai na vila...
a vila é tipo uns prédios caindo aos pedaços... tudo pichado... aí rola uns trailers de goró... rango... vários... umas bancas hippies... uns zines livros e revistas... umas oficinas de sucata e madeira... e a bancas de fumo
aí você chega nessas bancas de fumo e tem uns sacões na mesa com a boca aberta e vários tipos de fumo ali...
mesmo preço de amsterdã

[transmissão interrompida por falha na conexão. última mensagem recebida às 15:07, horário de brasília, do dia 10.09.09. constatou-se que charles puxou o fio.]

04 setembro, 2009

N.A.S.A. - a volta



Show deles vai rolar no Brasil em novembro, dia 07. No Festival Planeta Terra.

01 setembro, 2009

Fronteira sem portões --- 11

Zhou investiga o mestre eremita

Zhaozhou foi até a morada de um mestre eremita e perguntou, “Tem algum, tem algum?”. O mestre levantou seu punho. Zhou disse, “Água rasa não é lugar para ancorar um navio”. E foi embora.
Indo à morada de outro eremita, ele perguntou novamente, “Tem algum, tem algum?”. Este eremita também levantou seu punho. Zhou disse, “Capaz de perdoar, capaz de tomar, capaz de matar, capaz de salvar”, e prostrou-se respeitosamente.

Wumen diz:

O punho foi igualmente levantado nas duas vezes. Por que um foi aceito e o outro não foi aceito? Diga, onde está o erro? Se de dentro puder dizer uma palavra de mudança, então verá que a língua de Zhaozhou não tem ossos e, com grande liberdade, tanto ajuda a colocar no lugar como vira de cabeça para baixo. Contudo, como ajudar a investigação de Zhaozhou para desvelar os dois mestres eremitas? Se disser que um eremita era superior ao outro, você não possui o olhar do conhecimento. Se disser que um não era superior ao outro, você também não possui o olhar do conhecimento.

A canção diz:

O olho como uma estrela cadente,
O pensamento como um relâmpago,
Uma lâmina que mata uma pessoa,
Uma espada que salva uma pessoa.

16 agosto, 2009

motivações corporais e maquinais: individuais universais

a fome do povo
buraco negro estomacal
insaciável
impulsiona os seres vagantes
pela roda da vida e da morte

o vício digital
voracidade tecnológica
obsessiva
urge a conexão humana virtual
pela era da cegueira do real

escuridão da percepção embotada
introvisão obstruída
relegação do potencial essencial
coletividade em cíclica exaustão
autofagicamente estagnada

germinam pelas brechas da civilização
tentativas de esperança alienada
e pelas ruínas do futuro pós-apocalíptico
vegetais silenciosos
frágeis ou vigorosos

14.08.09

04 agosto, 2009

A fronteira sem portões - 10

10. Qingshui é pobre e sozinho

Um monge chamado Qingshui disse ao venerável Caoshan: “Sou sozinho e pobre. Peço ao mestre que me dê esmola para o sustento”.
Shan disse, “Shui pratica”, Shui concordou.
Shan disse, “Você bebeu três taças do vinho da Casa Clara de Qingyuan, e ainda diz que não molhou os lábios”.

Wumen diz:

O plano de Qingshui foi derrotado. O que tinha em mente? Caoshan possuía um olhar profundo e discerniu o que ele planejava. Ainda assim, apenas diga: o que Shui praticar tem a ver com beber vinho?

A canção diz:

Pobre como Fandan,
O qi[12] como Xiangyu.
Mesmo sem trabalho,
Ousa disputar com os ricos.



[12] Energia vital.

28 julho, 2009

“[…] Como vejo isso, parte da arte de ser um heroi é saber quando você não precisa mais ser um, percebendo que o jogo mudou e que as apostas são diferentes e que não há necessariamente um lugar para você neste estranho novo panteão de pessoas extraordinárias. O mundo seguiu adiante, e estou contente em assisti-lo de minha poltrona com uma cerveja ao meu lado e o cheiro do óleo ainda nos meus dedos”.

Alan Moore, Watchmen. Capítulo III, 1986.

24 julho, 2009

Rock'n'roll

"my heart belongs to you, but my dong is community property.."

hahahaahahahahahahaha

08 julho, 2009

o biscoito fino está de volta, com suingue du bom

Jecaradio#5


MusicPlaylistRingtones
Create a playlist at MixPod.com


Trocamos de player porque o antigo não estava funcionando no Internet Explorer, mais conhecido como Mr. Bug.

Aumenta o volume que isso é rap do bom!

Senti falta de som nacional nessa birosca aqui e a Jecaradio#5 traz um pouco do rap nacional pra galera se perder nos beats.

Começando com o Quinto andar, grupo carioca, que tinha (isso mesmo "tinha", o grupo se desmanchou) como objetivo fazer um rap com uma pegada positiva, se diferenciando do rap paulistano.Particularmente eu pego muito bem com o som.
Logo depois temos o Pentagono, grupo que vem se destacando cada vez mais no meio. O Slim Rimogfrafica, que já tocou com a gente (Jecatron SS) no Milo Garage em sp.

Bom, não vou falar de todos porque o tempo é curto e o trampo dos caras fala por si só. Aumenta o volume, sente a batida e fala o que você achou.

(sem dedicatórias..rs)

Ai vai um clipe de quebra:

06 julho, 2009

Dub FX feat Woodnote

A terra que engole a eletricidade será engolida pela garganta

Sombras à meia-noite
Sob as torres de eletricidade
Pela estrada de terra
Gargalham de contentamento

À meia-noite
Pela estrada de terra
Sob as torres de eletricidade
Sombras gargalham de contentamento

Pela estrada de terra
À meia-noite
Gargalham de contentamento
Sombras sob as torres de eletricidade

E para isso perseveram
Pelos caminhos corruptos
Da sociedade.

30 junho, 2009

A Fronteira sem Portões --- 9

9. Datong Zhisheng[10]

Um monge perguntou ao venerável Xingyang Rang, “O Buda Datong Zhisheng sentou por dez kalpas[11] em um lugar do Caminho e não manifestou o Dharma do Buda. Por que ele não pôde atingir o Caminho do Buda?”.
Rang disse, “Sua pergunta é muito apropriada!”.
O monge perguntou novamente, “Visto que ele sentou em um lugar do Caminho, por que ele não pôde atingir o Caminho do Buda?”.
Rang disse, “Porque ele não atingiu a budeidade”.

Wumen diz:

Pode-se apenas louvar a sabedoria do velho hindu, mas não se pode encontrar o velho hindu. Se um homem ordinário se aproximar dessa sabedoria, é um sábio. Se um sábio se aproximar do encontro, é um homem ordinário.

A canção diz:

Como conhecer o corpo pode parecer com conhecer a cessação da mente?
Ao conhecer a mente, não há porque se preocupar com o corpo.
E se corpo e mente forem completamente conhecidos?
Imortais não precisam de ainda mais títulos.

[10] Grande compreensão que ultrapassa a sabedoria.
[11] Kalpa é um período de tempo extremamente longo, de milhões de anos.

28 junho, 2009

cara de cavalo versus bate-bola

ta di bobera amigo?

jecaradio >> 04


Get a playlist! Standalone player Get Ringtones!


A Jecaradio ta de volta desde a semana passada. E essa semana umas coisinhas mudernas 08/09. Começa com Empire of the Sun, depois um remix de fugiya and miyagi chicano q ficou massa. Ai o passion pit...q tenho ouvido um bocado...seguido de um the knife...pra dar aquela animada na tarde de trabalho. E aproveitando os vocais "femininos" entra aquele hit do metric, terminando com uma do cold war kids, que eu falo sobre no ultimo post.
Espero que gostem.
Mandem sugestões. Quem quiser postar seu set escreve ae.

obs.: Não sei porque o player não roda no Internet Explorer, porém, se você clicar no botão "StandAlone Player" ( botão do meio, abaixo do player ) a rádio funcionará em outra janela.
Se você estiver usando o Firefox o player funciona perfeitamnete.

(essa vai pro doug)

cold war kids



Cold War Kids ta com um site massa, eles gravaram 4 versões da música " i´ve seen enought" do novo album "loyalt to loyalt", e o lance é que você pode mixar as versões. É bem divertido. E a banda é boa. Saquem ai.
http://www.coldwarkids.com/iveseenenough/
demora pra carregar mas compensa.

19 junho, 2009

Jecaradio#3


Get a playlist! Standalone player Get Ringtones!


Depois de muito tempo sem pintar uma JR por aqui, por problemas burocráticos digitais, estamos de volta.

Nessa session, uma mistureba de post-rock e alguns beats pra tirar a poeira do quadril.

Setlist:
1. Tom Vek - I Ain't say my goodbyes
2. Black Strobe - i'm a man
3. Sonics - Have love will travel
4. The radio dept - Pulling our weight
5. Robyn - Cobrastyle
6. Does it offend you,yeah? - Battle Royale
7. Audio Bullys - Flickery Vision

Enjoy!

obs.: Não sei porque o player não roda no Internet Explorer, porém, se você clicar no botão "StandAlone Player" ( botão do meio, abaixo do player ) a rádio funcionará em outra janela.
Se você estiver usando o Firefox o player funciona perfeitamnete.

04 junho, 2009

Gotham City é brincadeira, aqui é a Jécatown



Montagem feita pelo geek TheaterRaven de O homem que ri [The Man Who Laughs], filme mudo de 1928 dirigido por Paul Leni, baseado na obra L'Homme qui rit, de Victor Hugo. Aparentemente serviu de inspiração para Bob Kane criar o Coringa.




























Conrad Veidt como Gwynplaine

02 junho, 2009

A Fronteira sem Portões --- 8

8. Xizhong, o construtor de carroças

O venerável Yuean perguntou aos monges, “Xizhong fez uma carroça com 100 aros (duas rodas de 50 aros cada). Pegando e removendo ambos os as ladosextremidades, retirando os eixos, que limite da circunferência se tornaria aparente por esse trabalho?”.

Wumen diz:

Se puder responder a esta questão instantaneamente, seus olhos parecerão estrelas cadentes e seu pensamento será rápido como a eletricidade.

A canção diz:

O pensamento girar fixo,
Quem alcançar ainda se confunde.
Quatro dimensões, para cima e para baixo,
Sul, norte, leste e oeste.

28 maio, 2009

passion pit - sleepyhead

Do Caipira à "Modernidade"

Por: Guilherme S. Zufelato

Monografia apresentada no final de 2008 como requisito para obtenção do certificado de conclusão da Faculdade de Turismo do Centro Universitário "Barão de Mauá", de Ribeirão Preto - S.P. No livro o autor aborda as modificações por que passaram os hábitos, costumes, bem como a cultura do antigo paulista desde o advento da “modernidade”, levando também em consideração os efeitos do movimento modernista, e de todo o processo de modernização proveniente das grandes revoluções. Aponta, num primeiro momento, a vida do caipira antigo, suas características e peculiaridades, seguindo por uma breve revisão bibliográfica que nos mostra os caminhos pelos quais a “modernidade” vem a isso tudo modificar e, posteriormente, abarca o importante aspecto do conceito de “memória” em prol do Turismo, com a função de resgatar toda esta mesma cultura caipira, agora reinterpretada pela era moderna. Um livro interessante e bem estruturado, necessário para a compreensão histórica de nossos tempos modernos desde outrora.

Livro vendido em: http://clubedeautores.com.br/book/1669--Do_Caipira_a_Modernidade

26 maio, 2009

Jécatown: Em meio a cidades mortas-vivas

(com os devidos cumprimentos a Aluísio de Azevedo e J. G. Ballard)

Taubaté Shopping, sábado à noite, concentração de população de classe média-baixa em ambiente estimulante ao consumo. Elevadíssima taxa de automóveis por habitante registrada em lócus de ruas estreitas. Afluência constante de produtos da indústria cultural de qualidade duvidosa nos meios de comunicação alimentando a mente dos cidadãos. Pavimentação, construções e encanamentos sobre terrenos brejeiros. Vira-latas e alcoólatras perambulando na madrugada. Alto índice de jovens viciados em crack em todas as camadas sociais. Bezerros lactantes separados da mãe correndo ao longo das cercas na estrada de chão. Prostituição homossexual em localidades centrais. Esmola como prática comum e instituída. Roubo de dinheiro público sistematizado em obras e projetos. Ladrões de galinha e tênis importado, psicopatas e criminosos de maior status superlotando os presídios. Orçamento anual da prefeitura em torno de 780 milhões. Espessas camadas de lixo psíquico e material. Fábricas e zona rural com produção predatória cercando o acúmulo suburbano. Helicópteros em exercício militar cortando os céus. Desperdício agrário, humano e monetário. Criação de gado para o abate em amplos terrenos. Larvas de besouro em caixas escuras utilizadas para a alimentação de peixes e pássaros. Apatia letárgica crônica generalizada.

Estufa jéca: ninguém entra, ninguém sai.

07 maio, 2009

pigarro

Sou a complicação do implante metálico corporal.
Sou o vazamento crítico da usina nuclear.
Sou o metabolismo em funcionamento constante alimentado pela rede de impulsos elétricos e estímulos sensoriais.
Sou a busca pela vida artificial, o espírito binário encarcerado nas telas luminosas.
Sou a fome da família revirando os montes do lixão.
Sou a obsessão do magnata imperialista com a boca cheia de comprimidos.
Sou o produto da agricultura extensiva industrializado empacotado nas prateleiras dos supermercados.
Sou a garganta ressequida e os olhos fundos avermelhados.
Sou os detritos acumulados no fundo do tanque do automóvel.
Sou o saco plástico abarrotado esmagado no caminhão de lixo.
Sou a liturgia sagrada, a erudição maléfica, a guerra entre as tribos e o poder da pólvora.
Sou o desejo sexual induzido pela imagem plana da celebridade, a fomentação e a frustração do sonho de consumo, a observação passiva da sociedade do espetáculo.
Sou o crime, o vício e a inclusão digital.
Sou a formação acadêmica em engenharia do caboclo na ponte sobre o rio poluído.
Sou a melancolia do jeca.

05 maio, 2009

A Fronteira sem Portões --- 7

7. Zhaozhou e a lavagem da tigela

Um monge disse a Zhaozhou, “Acabo de entrar neste monastério. Peço ao mestre que me dê instruções”. Zhou disse, “Você não comeu sua papa de arroz?”. O monge respondeu, “Sim, comi a papa de arroz”. Zhaouzhou disse, “Então vá lavar sua tigela”. Naquele momento o monge teve um lampejo de consciência.

Wumen diz:

Quando Zhaozhou abre sua boca pode-se ver suas entranhas. Expõe sua consciência ao monge, que ouviu o assunto mas não verdadeiramente: confunde o sino[9] com um vaso.

A canção diz:

Apenas agir com muita distinção
Retarda a multiplicação dos ganhos.
Se soubesse que a lanterna é fogo
O arroz não levaria tanto tempo para ser cozido.

[9] O sino tocado nos templos chineses se parece com um vaso redondo.

08 abril, 2009

A Fronteira sem Portões --- 6

6. O Buda segura uma flor

Uma vez na montanha Grdhrakuta, o Buda Sakyamuny [8] pegou uma flor e mostrou-a à assembleia. Todos ficaram em silêncio. Somente o honorável Kasyapa abriu um sorriso. O Buda disse, “Eu possuo o olho mediano do Dharma, a maravilhosa mente, a verdadeira aparência não aparente, o sutil portão do Dharma, não estabelecido por palavras escritas, transmitido por além dos textos. Entrego e confio essas palavras encorajadoras a Kasyapa”.

Wumen diz:

Gautama da face dourada agiu como se não houvesse ninguém ali. Ele pressionou os bons para junto do vulgo. Mostrou uma cabeça de carneiro e vendeu carne de cachorro. Quantos estão prontos para dizer que isso é peculiar? E se naquela hora o povo da cidade o tivesse ridicularizado, como poderia ter transmitido o olho mediano correto do depositório do Dharma? E também se Kasyapa não tivesse sorrido, poderia ter transmitido o olho mediano do Dharma? Se disser que o depósito depositório do olho mediano correto do Dharma pode ser transmitido, o velho da face dourada trapaceia nos portões da vila. Se disser que o depositório do olho correto do Dharma não pode ser transmitido, então por que apenas Kasyapa foi louvado?

A canção diz:

Ao pegar e mostrar a flor,
Já mostrou a cauda;
Quando Kasyapa sorriu,
Pessoas e deuses devas foram enganadas.



[8] Buda Sakyamuny, ou Sidartha Gautama, é o principal Buda do budismo, tendo dado origem a essa religião organizada. É também o Buda regente da era vermelha, anterior à atual, segundo algumas tradições.

26 março, 2009

Kraftwerk: entre o pop e o erudito, entre o velho e o novo, em seu próprio lugar

Quando o Kraftwerk começou, a eletrônica era coisa acadêmica, ainda mais na Alemanha. Eles foram muito influenciados por Stockhausen, esse sim um verdadeiro pioneiro da eletrônica. O Kraftwerk tem o mérito de ter tornado a eletrônica mais digerível para as massas, ou seja, é responsável por sua popularização e, naturalmente, por seu desenvolvimento, mas não são tão pioneiros quanto muitos pensam. A sonoridade deles pode ser traçada dentro do contexto da música erudita, e tudo fica muito claro: fundiram a música eletrônica alemã "pura", bem estabelecida desde o início dos anos 50, com o minimalismo norte-americano, bastante em voga nos anos 60, surgido em resposta à complexa e matemática música serialista, utilizando-se porém de vocais da música pop. Desse modo catalizaram toda a subcultura eletrônica pop subsequente, colocando-se em uma posição singular inclassificável entre o erudito e o pop, sintetizando magistralmente, com humor e ironia, críticas sociais profundas e totalmente relevantes. Muito denso, e ao mesmo tempo estruturalmente simples.

Quanto ao show do Kraftwerk [domingo 21.03.09], deixou a desejar. Claro, ainda é Kraftwerk, e teve pontos brilhantes, como a inclusão da tradução em português de alguns versos de Showroom Dummies (Nós somos os manequins/Nós entramos no clube/e começamos a dançar). Mas, por alguma razão (crise de meia-idade de Ralf Hütter ou vontade de mostrar de serviço dos novos integrantes) quiseram "atualizar" algumas músicas. Radioactivity ficou parecendo poperô. Sem comentar as roupinhas retro-futuristas com luz roxa na cara. Kraftwerk não precisa disso. Afinal, já é lenda, por vários motivos, seja pela "postura irônica — sarcástica até — dos caras fazerem uma música dançante e ficarem completamente parados no palco, ou pelo fato de tocarem Autobahn — uma música cujo tema sugere movimento — e colocarem imagens paradas no telão. Sem falar nas referências mais óbvias à sociedade capitalista industrial em que vivemos e todas suas características de desumanização, anulação do homem, glorificação da tecnologia (tema recorrente nos filmes de Stanley Kubrick, especialmente o 2001: Uma odisséia no espaço) e à prevalência do elemento visual nos meios de comunicação. Kraftwerk é arte pura, no conceito que Marshall McLuhan dava ao termo. É inovador, vanguardista, genial, belo e contagiante. Se eles ficam brincando no computador, se são uns velhos excêntricos, se adolescentes lobotomizados e abobalhados pelo constante bombardeio midiático acham o show entediante — nada disso importa. Kraftwerk não tem que provar nada pra ninguém" [citação de Rinaldo Costa, de Goiás]. Por isso mesmo, Herr Hütter deveria partir para uma nova empreitada, composições mais sérias, carreira solo ou algo assim, e fechar o caso Kraftwerk.