Em resposta ao meu amigo Juninho, que eu respeito muito, mas não concordo com o ponto de vista dele sobre a invasão da galeria Choque Cultural, local que eu frequentava e respeito muito.
Eu não sou nenhuma artista ou eximia conhecedora do mundo das artes. Eu sou apenas uma paulistana de nascença, que cresceu entre o centro da cidade e a periferia. Eu já pixei muros na minha infância, mas fazia aquilo por mero entretenimento, não tinha nenhuma visão revolucionária ou artística.
Meu amigo disse “Já não era nenhuma novidade a tal da domesticação da street art e apropriação da mesma pela mídia e pelo mainstream já é uma realidade há muito tempo em todo o mundo” eu não sei o que seria domesticação neste caso, seria por a arte de rua dentro de casa?
Vamos definir que arte é um substantivo abstrato, logo, não é uma coisa concreta que pode ser vista e moldada objetivamente. A arte é subjetiva, por isso muita gente não vê arte na pixação, assim como não vê arte em Picasso, ou nos Gêmeos, tem gente que acha que é um amontoado de cores e rabiscos. Sim, eu já vi gente falar mal de artistas finados que são conceituados e suas obras valem milhões. Opinião é um substantivo abstrato também. “Supondo que a ação tenha de fato sido legítima, a ação dos pixadores foi louvável”, Juninho, o que legitimaria uma invasão de propriedade? Se fosse um bando de sem-teto que se apropriou de lá porque não têm onde morar, eu acharia super louvável. Mas um bando de marmanjo dizendo ser contra a institucionalização e comercialização da arte, eu acho absurdo. Afinal, não existem “donos da arte”, existem artistas que optam por vender ou não um trabalho. Vivemos no mundo capitalista, onde o objetivo é ascender financeiramente e acumular capital, titio Marx disse isso mil vezes.
É claro que hoje em dia a arte também é um mercado, como tudo mais que existe neste mundo. Até assassinato é comercializado, por que a arte não seria? Eu concordo que os pixadores são marginalizados, mas é fato que o homem é feito de pré-concepções, e tudo que sai fora da linha do “correto” é contravenção. Por isso são considerados vândalos. Por isso existe até punição pra pixação. Mas eu, como periférica e contraventora que sou, acho que eles devem sim continuar com a STREET ART deles, mas respeitando quem opta por fazer a arte comercialmente. O street art saiu dos muros e prédios abandonados, o street art, como arte, é um mercado também. A rua é pública, ou seja, é de todos. Cada um faz o que quiser, dentro ou fora da lei.
“Estúpidos e Ignorantes são as melhores palavras que encontro agora pra definir aqueles que consideram graffiti uma "forma digna de arte" e pixação como mijo de cachorro demarcando território”, a opinião é sua, sempre vai ter gente contra a pixação, até mesmo gente que entrou no graffiti como pixador e agora nega as raízes. Nem tudo é igualdade no mundo em que vivemos, Juninho.
“A opinião desses deve não só ser ignorada, como ridicularizada” quando uma coisa incomoda, é porque, de alguma forma, é uma realidade. Se você vai ignorar, não vai ridicularizar e vice-versa. Ou você admite uma ofensa, ou você a ignora.
Sobre o ato ter sido encomendado ou não pela Galeria, a verdade vai aparecer, mas fica feio pros pixadores invadir uma galeria de arte para protestar, sendo que eles tem as ruas de toda a cidade e todas as palavras do dicionário para clamar pelo seu espaço. Mesmo que tenham sido convidados a invadir, que pelo menos legitimassem a arte e não destruíssem os trabalhos já feitos. Respeito a pixação, respeito protestos, mas destruição gratuita é coisa de bárbaros.
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