DES-mistificar a figura do dj, saca? Porque até os anos 70 dj nem pensava em sair dos bastidores --- um anônimo em uma festa, como um técnico ou um garçom. Tinha a mesma função que o palhaço: animar a festa --- mas através das caixas, sem aparecer no picadeiro. Dj não cria, no máximo molda as criações dos outros, em colagens ou mixagens. Hoje a apresentação de djs equipara-se a shows de música ao vivo, principalmente por razões econômicas: a estrutura para um dj é muito mais barata e viável logisticamente do que a aparelhagem e o pessoal para um conjunto de instrumentistas. Mas isso também se deve a uma tendência geral na cultura de massa, cada vez mais na direção da imagem pela imagem, pela experiência superficial. O que vale é a pose. Para o grande público, tanto faz se a apresentação é playback ou real. Com o advento dos CDs e do mp3, distorceu-se ainda mais o conceito do dj: fala-se que o dj de verdade é aquele que toca discos de vinil, enquanto que as outras mídias são inferiores e menos artísticas. Ou seja, uma valorização total da forma, em detrimento do conteúdo. Puro fetichismo com o equipamento, em uma tentativa de conceder respaldo artístico à função. De qualquer modo, é interessante observar as mudanças que as gravações sonoras impuseram na maneira de se ouvir e consumir música no século XX, quando foram introduzidas, após milênios de música ao vivo. Assim, a função do dj é como a de um pesquisador de gravações sonoras, levando-as à audiência, dessa forma assemelhando-se a um formador de opinião, como por exemplo um jornalista, ou um radialista --- aliás o próprio termo disc-jockey foi cunhado pelo comentarista estadunidense Walter Winchell em 1935 em referência ao anunciador Martin Block, um dos primeiros astros do rádio.
http://en.wikipedia.org/wiki/Disc_jockey
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