20 maio, 2007

Depoimento Jeca-Analítico

A cada interação pessoal e observação analítica (sedenta por uma "grande descoberta vivencial") sinto que, com sorte, ainda levarei alguns anos para entender em profundidade valores, percepções e principalmente a dinâmica do conhecimento acumulado, sendo capaz de trazer uma solução para "problemas latentes e já enraizados" da nossa Aldeia.

Numa simples observação, o que é constatado geralmente está no nível da superficialidade. O aspecto analítico, como o nome sugere, prevê análise do ambiente, levando em consideração os elementos constantemente mutáveis, influenciados e influenciantes, o que permite estímulo das sinapses nervosas em prol da acumulação positiva do conhecimento.
Acredito que levarei anos porque me falta conhecimento para entender o conhecimento, experiência (ou "expertise") para avaliar as diferentes percepções e poder de análise para identificar e reconhecer razões, problemas, vantagens, agentes...

Mas não significa, no entanto, que não o tente desde já. É como fazer um desenho com giz de cera no pré-primário e chamá-lo de "obra-prima". Você sabe que não o é, mas é o melhor que tens. Agora.

Minha mais nova obra-prima foi o "desenho" dos frutos de meus atos profissionais num contexto altamente inflamável. Sei que usei do poder da sedução para tornar uma marca desejável. Sei que estimulei a individualidade em detrimento da análise do todo. Sei que evidenciei a superficialidade ao invés de promover o pensar, o conhecimento (que tanto prezo).

Muito além de só saber, senti.
Senti cinestesicamente cada olhar curiosamente feroz da individualidade e do "poder", tentando me consumir como outro produto de 'status quo'.
"Senti o mar se abrir", e me cercar, não me permitindo andar em linha reta.
Andei em círculos e colhi cada favorecedor do modelo de pensamento vigente na Terra da Gente. Só gente e gente-jeca.

Colhi a invasão, o status, o ego, a super-valorização do capital e a superficialidade.

Cada pedra indigesta foi saboreada durante os 60 minutos mais longos que me recordo, ao toque suave de canapés e champagne.

A dicotomia extremamente acentuada, e visível, entre o eu pensante, sonhador, jovem, empreendedor, esperançoso e o eu publicitária, tecnicamente capaz, criativa, eficiente, mais uma vez promove angústia e põe em dúvida o caminho atual, novamente.

Mas, como é confortável e útil pensar que estou sempre disposta e apta a aprender, seja na positividade ou negatividade, tirei uma boa lição desta última colheita.
Ao invés de me preocupar com a pequeneza daqueles que me ofereceram pedras (tiradas da parede que eu mesma ergui, por sinal) comecei a analisar alguns valores gerais/genéricos (beleza, bem estar, qualidade), tendo como público-alvo (fonte do ponto de vista) eu mesma.

Conclui, então,que devia retirar da estante de troféus, todos aqueles ganhos, profissionalmente merecidos, por "grandes" mensagens que apenas reforçaram o modelo mesquinho de pensamento. No lugar, deixei papéis em branco e giz de cera.

Minhas obras-primas feitas de giz de cera me mostraram que neste mundinho de esfera municipal, aqueles-gente vivenconsomem, como se fosse um mesmo processo contínuo, numa mesma palavra. Já os gente-jecas sabemquenãosabemmasestãoprocurandoentendervivendoeinteragindo para com os mundos possíveis para o amanhã, numa palavra coletiva.

Nesse ponto, orgulhosamente concluí que posso me considerar uma Jeca-Diva.


manoh
12/05/07, na aula de pós

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